Em
que pesem todas as dificuldades porque passam aqueles que se encontram sob o
julgo da carne, ainda assim é preciso que nos conscientizemos de que não somos
marionetes do destino. Mesmo sabendo que todas as coisas já estão determinadas
por Aquele que tudo criou e que tudo sabe, não é motivo para que nos
entreguemos ao ócio improdutivo e ao desânimo paralisante. O corpo físico exige
nossa atenção. Ele precisa carregar e descarregar energias num renovar-se
constante. Sem este movimento não há vida e por isso somos assaltados pelos
mais diversos desejos a cada momento, mas mesmo isso não pode ser uma desculpa
para nos comportarmos como animais sensuais, cujo objetivo na vida não seria
outro se não comer, defecar e procriar. Somos muito mais do que isso, e é esse “mais”
que deve constituir o objeto de nossa busca interior. Precisamos transcender a
realidade da matéria para atingir o estado de espírito do espírito.
O
que se ganha com isso? E por que devemos pensar em ganhar alguma coisa? Não
estamos propondo aqui um negócio, uma barganha onde se visa lucro. Nossa
existência não é um jogo que alguém está assistindo e torcendo para nós ou
contra nós. Infelizmente, ainda nos encontramos numa espécie de condicionamento,
e só conseguimos pensar em fazer alguma coisa mediante resultados, como o
operário que trabalha o mês inteiro em troca de seu salário. Não! Aqui não
estamos falando de sobrevivência, muito menos de distinções ou de recompensas
de qualquer tipo. Estamos conversando a respeito da vida humana e sua experiência
na matéria e da vida espiritual que a antecede e que a sucederá depois desta
fase. Estamos tentando, pelo menos, vislumbrar algum sentido para este perambular do espírito para a matéria e da
matéria para o espírito. Tentamos encontrar algo que ainda não foi dito, ou que
tenha sido dito do outro modo, visando alargarmos cada vez mais a nossa compreensão
a respeito desse tema.
É
inegável que estamos condenados à vida. Somos todos escravos do viver. Uma vez criados, só temos a eternidade pela
frente. Se isso fosse um jogo, certamente nos cansaríamos logo de jogar, não é verdade?
Imaginem jogar um jogo que não termina nunca. Chegaria um momento em que
cairíamos num estado de tédio tão gigantesco que nem dá para imaginar. Até
mesmo este tipo de pensamento é fruto de nosso modo condicionado de pensar. A
verdade é que não conseguimos imaginar outro modo de viver que não esteja
relacionado àquilo que já vivenciamos. Como é possível que imaginemos coisas
que nunca vimos nada semelhante? Seria
pedir muito, precisamos concordar, mas nada é impossível para o espírito que se
abre para novas possibilidades.
Olhar
para o infinito com os olhos da criança, isso é o que precisamos fazer, ainda
que seja por um breve momento, e nos abrirmos para possibilidades outras que
não essas que já conhecemos. Caríssimos, o que vamos dizer soará como uma
brincadeira, mas este é o momento em que precisamos nos libertar da dura
realidade material e exercitar um dos nossos grandes potenciais: precisamos
usar nossa imaginação e sonhar com algo melhor. Este é o momento em que devemos
pelo menos tentar agir como espíritos que de fato somos. Todos os segredos do
universo estão guardados em nós e para acessá-los precisamos nos libertar do
julgo da matéria. Vivemos na Terra, mas não pertencemos à Terra. Que cada um
use o método que achar melhor, mas que não deixe de imaginar, que não deixe de
sonhar. Não foi sem razão que Jesus recomendou que fôssemos como as crianças, pois
elas não impõem limites à sua imaginação. As crianças não têm vergonha de
sonhar, pelo contrário, elas fazem disso uma ocupação muito prazerosa.
Já
sabemos que nós mesmos é que construímos nossa realidade espiritual. Os umbrais
que nos rodeiam foram criados, pedacinho por pedacinho, por nossos pensamentos
formatados pelos nossos sentimentos. Nossos infernos são criados por nós
mesmos. São construídos pela insanidade da nossa razão e são mantidos pelos
nossos desejos de destruição, poder, inveja e outros tantos do mesmo cardápio.
Sim, estamos recomendando uma volta à infância. Devemos voltar a ser crianças e
desenvolver a pureza e a sinceridade como qualidades essenciais. Precisamos ter
a coragem de retornar ao ventre materno e recomeçar de um jeito diferente para
que nossos mundos, tanto o material quanto o espiritual se transformem em
mundos melhores. Chegou o momento da transformação. Ou saltamos com o planeta
ou ficaremos para trás e demoraremos mais um tempo até que nova oportunidade
nos seja oferecida.
É
provável que alguém nos pergunte: Se já está tudo determinado, de que
adiantaria mudar nosso modo de pensar ou de viver? Vamos refletir um pouco em
cima desta questão. Imagine que você está passando por um lago e vê uma criança
que está se afogando. Você corre para salvá-la ou você vai pensar que está tudo
determinado e que de nada adiantará tirá-la da água? Imaginamos que a maioria,
senão todas as pessoas que se depararem com esta cena tomarão a decisão de
salvar a criança, isto é, a maioria vai agir segundo a própria consciência,
independente de saber se as coisas estão determinadas ou não. Isso significa
que talvez possamos influir e mudar aquilo que está determinado? Ou será que
até este nosso modo de agir já está também determinado? Nós diríamos que nem
uma coisa e nem outra. Uma solução para este enigma é pensarmos que de fato
tudo está determinado, pois passado e futuro são conhecidos pela Consciência Cósmica
Universal, também conhecida como Deus e por outros nomes, pois Ela criou
inclusive o tempo, mas nós não possuímos este conhecimento. Isso torna o futuro
desconhecido para nós, espíritos que habitam corpos humanos, de modo que o
determinismo não nos afeta. Nossas decisões de hoje construirão o futuro que
para nós é incerto. Não faz diferença para nós o fato de Deus já saber qual
será o resultado de nossas ações, o que nos importa é que nós podemos decidir
nosso futuro sim. Se Deus já o conhece, paciência, isso é lá com Ele.
Nossa
existência tem uma finalidade e esta finalidade está relacionada ao todo de que
fazemos parte. Não se trata de um jogo e sim de um propósito. Entender que
propósito é esse faz parte da busca pelo sentido do viver. Pela racionalidade
parece que não iremos muito longe nessa busca. Por isso é que estamos
recomendando aqui para nos dedicarmos um pouco mais à arte da imaginação, e que
nos permitamos sonhar um pouco mais. Cremos que será por este caminho que as
respostas virão em forma de intuição. Libertando nosso espírito para imaginar e
sonhar, teremos insights tão
impressionantes que não encontraremos palavras que possam descrever o que se
passou em nossas mentes. Este duelo deve ser travado - razão contra a intuição,
mas neste duelo não precisa necessariamente que um dos contendores seja
aniquilado. Usemos a razão para as coisas da lógica humana e deixemos que nosso
espírito voe livre nas asas da imaginação, do sonho e da intuição, pois sua
lógica é diferente. Só não podemos demorar demais para nos libertarmos das
algemas da racionalidade, basta ver até onde ela nos conduziu para entendermos
a necessidade desta libertação. A racionalidade é necessária, mas não deve ser
ela a governadora absoluta de nossas vidas.
Seria
bom se conseguíssemos nos comportar como adultos e pensar como crianças. Nossa
vida deveria ser vivida como uma grande brincadeira onde o importante é que
fôssemos felizes, que aprendêssemos e que nos divertíssemos, sem nos destruir
uns aos outros. Deveríamos ter sempre sinceridade em nossas palavras e pureza
em nossos corações. Acreditamos que a humanidade já está madura o bastante para
voltar a ser criança.
Alguns
pensarão: bonitinho de falar, mas impraticável! Será que não temos mesmo coragem de soltar a
criança que existe dentro de cada um de nós? Será que estamos tão contaminados
pelos costumes e pelas convenções sociais que não temos mais coragem de sonhar?
Será que estamos tão endurecidos pela pequenez de nosso modo de pensar que não
podemos imaginar um mundo melhor? Muitos pensam que o autoconhecimento nos
transformará em grandes sábios que para tudo terão respostas e ensinarão os
segredos do universo para os demais. Sentimos muito dizer, mas estes não estão
completamente certos, pois o autoconhecimento nos transformará apenas em crianças
que não terão vergonha de imaginar, sonhar, sorrir e admitir que de nada sabem,
e que a única certeza que têm é que estão abertas para todas as possibilidades.
O
Mestre disse para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós
mesmos e que nesta afirmação estava contida toda a lei e os ensinamentos dos
profetas. Nós concordamos plenamente que estas palavras contêm tudo o que
precisamos saber para nos transformarmos e transformar o mundo num lugar melhor
e humildemente acrescentamos que o resto é só convenção
humana!
Victor
Mensagem
psicografada em 07/12/2018
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