Como
se costuma dizer, nem tudo que brilha é prata e nem tudo o que reluz é ouro.
Por trás de muita coisa aparentemente bonita e vistosa podem se esconder muitos
perigos. Uma bela flor pode esconder um inseto que vai nos picar. O mais
prudente, portanto, seria estarmos precavidos em relação às ilusões da aparência.
A aparência é algo que se perde no tempo. Nada fica bonito e vistoso para
sempre aqui nesta dimensão. Devemos nos preocupar e valorizar as coisas que não
perecem, tais como o amor, a justiça e o respeito. O curioso é que essas coisas
nem forma física têm. Não é mesmo interessante que essas coisas nem sejam reais
do ponto de vista físico? Mas são coisas como estas que mantém este mundo
funcionando com um mínimo de ordem. Estas são coisas que podemos chamar de
essenciais. Elas são imprescindíveis para nossa existência, mas não é esse o
foco do nosso humilde texto. Citamos
estes conceitos apenas para dar uma ideia, ainda que imprecisa, sobre como
costumamos nos deixar envolver pelas aparências e não prestamos atenção em
coisas cujo valor é bem maior do que outras mais visíveis.
Nosso
discurso não é novo, pelo contrário, essas ideias já foram divulgadas há muito
tempo. Desde as mais remotas eras já se falava que o importante era a essência
e não a aparência. Platão, em seu “mundo das ideias” retrata bem o que estamos
querendo dizer. Quando é que vamos entender de uma vez por todas que mais vale
o espírito imortal do que o corpo perecível? Ah! Como a humanidade viveria
melhor e mais feliz se prestasse atenção nas coisas essenciais. Como
aproveitaria melhor o seu tempo na Terra desenvolvendo as faculdades
espirituais. Não desejamos passar a ideia pessimista de que a humanidade não
tem jeito. Não é isso que desejamos. Digamos que nosso texto traz um suspiro de
cansaço. Vamos entender este suspiro como uma pausa para a reflexão de alguém
que tem trabalhado muito em prol da evolução da humanidade e que percebe que o
trabalho é árduo e lento, mas que também entende que deve ser assim, pois as
grandes mudanças têm mesmo essa característica, ou seja, precisam ocorrer de
forma lenta e gradual para poderem se efetivar.
O
progresso dos homens está acontecendo, basta que voltemos nosso olhar para o
passado da humanidade para ver o quanto progredimos. Progredimos tanto na parte
material quanto na parte espiritual. O que nos faz, de vez em quando, suspirar
assim, é o fato de percebermos que o progresso espiritual não caminhou na mesma
velocidade que o progresso material. Já conhecemos a fissão nuclear, a física
quântica, o DNA entre outros desvendamentos importantes. Já somos capazes de
curar tantas doenças que no passado assustaram a humanidade. Fomos capazes de
tudo isso, mas ainda não conseguimos deixar de sentir inveja, ódio, rancor,
mágoas e outros tantos sentimentos paralisantes. Ainda desejamos mal para os
outros e ainda queremos tudo para nós mesmos. Ainda somos muito orgulhosos,
muito egoístas e muito dependentes da matéria.
Acreditamos
que o ideal é que estes dois aspectos do progresso caminhem lado a lado. O que podemos
fazer para mudar este estado de coisas e fazer com que o progresso espiritual
alcance o progresso material? Devemos nos ligar a Deus? Devemos orar? Devemos
nos dedicar à religião e às práticas espirituais? A resposta para essas
perguntas é sim e não. Sim, porque devemos fazer tudo isso. Devemos nos ligar
ao Todo, pois já está claro que todas as coisas e seres estão inexoravelmente
conectados, isto é, estamos conectados a todas as outras coisas e seres que
existem, desde um grão de poeira até o maior dos planetas, desde a bactéria até
o maior dos mamíferos. A conexão com o divino nos coloca no prumo e nos torna
aptos para conhecer os segredos do universo. A resposta também é não, porque o
modo como estamos fazendo essa conexão não é mais adequado para este momento
evolutivo. É hora de mudança de fase, pois chegou o tempo do sentir e do
intuir. Chegou a hora de mudar, porque é simplesmente inevitável. Para algumas
coisas as palavras não são mais necessárias. Este é o momento da oração
interior, porque não podemos mais mentir para nós mesmos. Atingimos um momento
evolutivo em que podemos reconhecer o que é essencial sem grande esforço da
inteligência chamada racional. O fato é que já nascemos sabendo de muitas
coisas e é por isso que não precisamos mais repetir tantas palavras que já se
desgastaram com o tempo. É hora de falar com Deus em silêncio. Chegou
o momento da religião interior, porque o homem já começa a perceber que o Deus
que ele procura está nele mesmo, sempre esteve e sempre estará. O homem não
precisa mais gritar para que Deus o ouça - quanto mais baixa sua voz mais
claramente será escutado.
Não
foi sem razão que começamos este texto falando de coisas abstratas, como
justiça, respeito e amor. Assim fizemos porque estes são exemplos de coisas que
não precisam ser faladas para se tornarem reais, elas precisam apenas ser
sentidas interiormente. Elas só existirão a partir do momento que o homem lhe
der vida e ele não fará isso com um discurso, ele as tornará objetivas quando
senti-las e depois exteriorizá-las em atos. Somente nós, espíritos em corpos humanos é
que podemos compreender as coisas essenciais. Só nós podemos compreender o que
são coisas como a solidariedade e o altruísmo, ninguém mais neste planeta pode.
Isso nos torna muito importantes, na verdade isso nos torna deuses, porque
compreender o essencial é compreender o Todo de que fazemos parte. Isso é a
harmonização com o Deus em nosso interior. Ter essa compreensão é um passo rumo
ao infinito. É o princípio do verdadeiro despertar. É o começo da libertação!
Compreender
tais coisas nos torna muito importantes de fato. Descobrimo-nos deuses. Saber
que somos a consciência do universo e viver em essência representam um momento
esplendoroso da humanidade, mas que nos enche de responsabilidade e que tem um
preço a pagar – o preço do conhecimento. Quando se começa a viver em função da
essência, tendemos a negligenciar o mundo físico. Não podemos deixar que isso
aconteça por vários motivos e o principal deles é que ainda estamos encarnados
e sujeitos as leis e a lógica física e não podemos ignorá-las. Ainda temos um
corpo que precisa de cuidados para que nossa essência, ou nosso espírito possa
se manifestar em plenitude e dar esses primeiros passos rumo ao mundo
essencial. Apenas para não criar dúvidas, queremos esclarecer que o “mundo
essencial” não é o “mundo espiritual” como alguns podem estar pensando. Viver
no mundo essencial é um estado de consciência que pode ocorrer em qualquer
dimensão a que estejamos submetidos. Viver do conhecimento que dispensa
palavras é alguma coisa que está para além das aparências, como já falamos.
Aparências existem aqui e na dimensão espiritual em todos os níveis.
Algumas
dessas palavras parecerão enigmáticas para algumas pessoas, mas até isso tem
uma razão de ser. A ideia é justamente fazê-las pensar a respeito. Quando foi
que os grandes mestres e profetas foram totalmente claros? Nunca! Eles sempre
deixaram alguns enigmas para nos fazer pensar e algumas lacunas para serem
preenchidas. Por que nós, humildes espíritos que trabalham no dia a dia da
evolução humana seríamos totalmente claros e precisos? A verdade é que todos os
segredos do universo estão dentro do homem, de cada um deles, sem exceção, e
palavras como estas têm a finalidade de fazer com que aqueles que desejarem,
começar a procurar o ouro interior. A beleza da descoberta virá para cada um.
Cada um terá o seu momento de despertar. Cada um terá seu lampejo divino.
Essa
libertação de que falamos tem para nós um significado próprio. Para nós a
libertação é algo que acontece de uma vez e nos lança num gozo tremendo, num
momento de alegria incontida e que com o tempo vai diminuindo até nós nos
acostumarmos com ela. Essa libertação de que falamos ocorre de forma contrária
ao habitual. Ela começa com clarões conscienciais de milionésimas frações de
segundo e vai aumentando com tempo até se tornar constante. Esta não explode,
ela se instala, e é assim que deve ser, pois o espírito não a suportaria caso
viesse de uma vez. O tom é profético, mas não há outro modo de falar da
divindade que está reservada ao homem. É o muito dentro do muito e o mínimo
dentro do mínimo. Como explicar coisas que não explicáveis com palavras? Esse é
o destino que sempre foi e que nos espera; que sempre foi, que é e que sempre será.
Como dizia o mestre Jesus: “que tem ouvidos de ouvir, ouça”.
É
bem certo que muitos pensarão que este texto foi transmitido por um espírito
embusteiro ou mesmo brincalhão, até pelo jeitão profético pelo qual foi
escrito. Não tem a menor importância que isso aconteça, não nos importamos com
isso e ficamos felizes que cada um pense o que quiser. A verdade, embora ela
seja relativa ao tempo em que está inserida, será reconhecida, quer queiramos
ou não. O privilégio e o prazer de sermos os portadores desta mensagem superam com
certeza qualquer dissabor que a descrença dos leitores venha a nos
proporcionar.
Só o homem tem o que Deus tem – o homem é a consciência do
universo.
Humberto
Mensagem psicografada em 18/01/2019
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