Alguns
de nós, empolgados pela beleza dos ensinamentos espiritualistas, principalmente
na parte que se refere à herança moral deixada pelos grandes mestres que nos
deram o prazer de sua presença na Terra, procuramos seguir estes exemplos
visando nossa melhora e buscamos nos parecer com eles. A grande maioria desses
mestres, independente da época em que viveram, empenharam suas vidas para fazer
com que a humanidade avançasse em sua trilha evolutiva. Muitos deles se
sacrificaram e caminharam para a morte, a despeito de todo pavor que ela nos
causa, de cabeça erguida, sabedores de que a missão estava sendo cumprida. Aqui
no ocidente, o exemplo mais conhecido, sem dúvida, é o de Jesus Cristo. Por razões
diversas, foram sua história e seu exemplo que nos chegaram com mais
intensidade e que causaram mais transformações em nossas vidas materiais e em
nossos espíritos imortais.
No
afã de nos tornarmos parecidos com eles, costumamos cometer alguns exageros,
ocasionando com esse comportamento o efeito contrário ao que se espera dos
iniciados. Para não suscitar dúvidas na interpretação, o que estamos chamando
de iniciados aqui, são aquelas pessoas que, por livre vontade decidem se
envolver nas doutrinas que foram ensinadas por estas pessoas especiais. Não nos
referimos àquelas pessoas que participam de complicadíssimos rituais e que
acreditam que sem essa exteriorização não podem ser considerados adeptos das
doutrinas ou religiões que fazem parte. É bom que fique claro que não estamos
julgando se estão certos ou errados, pois acreditamos que cada um deve julgar e
escolher o que é melhor para si. Para isso todos nós temos o livre-arbítrio,
isto é, temos condições de saber o que é melhor e escolher. Para nós, o
iniciado é aquele que tomou consciência da importância dos temas que lhe foram
apresentados e que os escolheu como o caminho que lhe serve para continuar
evoluindo. Alguns desses iniciados, encantados pela beleza dos conhecimentos
adquiridos, passam a acreditar que podem e devem se tornar iguais a estes
grandes mestres e isso acarreta para eles uma série de problemas. O principal
deles é a culpa. Sentem culpa por não terem a mesma firmeza moral; a mesma
determinação; a mesma disposição; enfim por não conseguirem ter a mesma força
do mestre. Sentem-se como fracassados por não conseguirem superar obstáculos
simples no dia a dia. Consideram-se incompetentes e despreparados, incapazes de
se melhorarem e de dar continuidade ao trabalho iniciado pelo mestre. Isso
acaba produzindo iniciados que se deixam levar pelo pessimismo, pelo desânimo e
pela falta de esperança. Imaginam que terão que viver milhares de encarnações
até poderem evoluir e se aproximar do ideal pregado pelo mestre. Abrem assim as
portas para todo tipo de influência contrária ao progresso e a evolução, tornando-se
presas fáceis de espíritos que trabalham pelo atraso e pela estagnação.
Precisamos
entender que os mestres, para chegarem aonde chegaram; para suportar o que
suportaram; para ter a força de vontade e a determinação que mostraram, tiveram
que passar por uma longa jornada que lhes fortaleceu o espírito e lhes deu
condições de enfrentar o que enfrentaram. Eles vieram para nos dar o exemplo e
não para exigir que nos tornássemos em pouco tempo iguais a eles. Eram
espíritos superiores que sabiam das nossas fraquezas e não esperavam de nós nada
que não estivesse ao nosso alcance. Devemos nos esforçar para seguir seus
exemplos? Sim! Esse é o esperado do iniciado consciente de sua jornada, porém,
não podemos dar mais do que temos. Não podemos fazer nada que esteja acima de
nossa capacidade. Lembremo-nos que estamos mergulhados na carne, aprisionados
nela, e ela nos impõe condições às quais somos obrigados a nos render. A carne
impõe desejos que se tornam mais fortes do que nossa vontade. Alguns desses
desejos exigem compensação. Se não forem satisfeitos ou realizados podem nos
levar ao desequilíbrio e até mesmo a loucura. Precisamos entender que, por mais
que nos esforcemos para seguir os passos dos mestres, poderemos cair de vez em
quando, e quando isso acontecer, não devemos fazer disso uma montanha, porque
na verdade, é só um punhado de terra.
Somos
falíveis. Essa é uma das características que temos e que, mesmo aparentemente
negativa, nos ajuda a progredir. É no jogo de erros e acertos que vamos
crescendo e nos tornando melhores. O mundo precisa de mestres, sempre precisou
e ainda precisará por muito tempo. Existem muitos discípulos para serem
ensinados e estes são a maioria. Isso nos leva a seguinte reflexão: como
poderemos nos transformar em mestres? Como poderemos agir como os mestres, nos
mantendo dentro daquilo que consideramos o ideal e servir de exemplo para os
demais? A resposta para esta questão é muito simples. Para nos tornarmos bons
mestres, precisamos primeiro nos tornar bons discípulos! É impossível que
alguém se torne um bom mestre sem que antes seja um bom discípulo. Podemos
afirmar que este é o maior obstáculo que deve ser superado para que se atinja o
sucesso nessa empreitada.
Ao
invés de nos preocuparmos em ensinar os outros, devemos primeiro aprender. Não
nos adianta forçar uma condição que não temos. Um grande mestre deve possuir
conhecimento, mas também deve possuir ca
risma de mestre.
O primeiro se adquire com estudo e dedicação e o segundo com o desenvolvimento
do amor fraterno através da convivência com os outros. O mestre deve ter
consciência de que é igual aos demais e apesar de todo conhecimento adquirido deve
saber que não melhor do que ninguém. Isso dá ao mestre uma força de atração
natural. O mestre encanta pela sua simples presença, porque o conhecimento e o
amor pelo outro não estão fora e sim dentro dele, e por esta razão, ele respira
confiança. Para chegarmos nesta condição devemos primeiro seguir os passos do
mestre; pisar onde ele pisou, seja na grama macia ou no terreno pedregoso.
Devemos rir e chorar o riso e o choro do outro; entender o outro; ser o outro.
Todas essas coisas não são fáceis de conseguir, portanto, nos preparemos como
quem vai à luta. Vamos nos armar de coragem, determinação e muita fé na
conquista do objetivo almejado. Não vamos nos desesperar e nos encher de culpa
pelas pequenas quedas que inevitavelmente ocorrerão. Vamos usar cada uma das
falhas como lições que não devem se repetir e que devem nos tornar mais fortes
e mais preparados para as vitórias. Só quem conheceu a derrota tem plenas
condições de saborear a vitória.
Antes
de nos arvorarmos em aplicar lições aos nossos irmãos de jornada, devemos
primeiro aprender a ouvir aqueles que cruzam nossos caminhos. Cada um de nós,
por mais simplório que possa parecer, tem algo a ensinar ao outro e não devemos
desprezar o conhecimento que o outro nos traz. O mestre precisa entender a alma
humana e uma das melhores formas de adquirir esta capacidade é simplesmente
ouvindo, dando um pouquinho de atenção para os outros. Um dia, certamente nos
transformaremos em mestres, só depende de nós, mas precisamos antes ser bons
discípulos. Só assim daremos ao mestre um sentido para o seu esforço. Neste
momento, o mundo já tem grandes mestres e não precisamos de muitos outros.
Nesse caso a qualidade importa mais do que a quantidade. Que tal aprendermos
primeiro, antes de sairmos por aí achando que podemos ensinar?
Como
em tudo na vida, não devemos levar essa questão a ferro e a fogo. É claro que
existem coisas das quais já temos conhecimento, e que podemos passar para os
irmãos menos esclarecidos. Na verdade isso é nossa obrigação e faz parte de
nossa evolução. O que não devemos fazer é nos colocarmos como superiores em
relação a esses irmãos. Eles também estão trazendo algum aprendizado para nós,
por isso devemos considerá-los um pouco como nossos mestres também. Esse é o
procedimento que vai nos transformar em bons discípulos e futuros mestres.
Outra
coisa que ajudará a nos tornarmos bons discípulos e futuros mestres é a
observação. Quando paramos para observar os outros sem pré-julgamentos podemos
aprender muito mais. Comunicamos-nos por diversos meios, não só pela boca
utilizando palavras. Comunicamo-nos pelos gestos, pelas expressões faciais,
pelo olhar, pela respiração, pelo espírito, pela energia, por todo nosso ser.
Através da observação isenta de julgamentos poderemos entender o que as pessoas
estão sentindo e falando por todos esses modos de comunicação. Chegaremos ao
ponto de saber o que se passa com uma pessoa somente pela sua presença, sem que
ela pronuncie nenhuma palavra. Assim são os grandes mestres. Sabem o que
queremos dizer antes mesmo de abrirmos a boca.
Dá
pra ver que temos muito a aprender antes de nos tornarmos mestres, portanto,
vamos tentar primeiro ser bons discípulos. Não importa que nos considerem
aprendizes, o que importa é que saibamos quem somos. Temos um longo caminho
pela frente, por isso devemos caminhar devagar para não nos cansarmos em
demasia. É muito triste ver alguém que se comporta como mestre quando não
consegue nem ser um bom discípulo, mas é muito bom ver alguém que nos ensina o
pouco que sabe se colocando na condição de quem está aprendendo.
Errar faz parte de nosso
aprendizado. Uma das formas de não errarmos tanto é não tentar ensinar aquilo
que não sabemos.
Victor
Mensagem psicografada em 04/06/18
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