O
medo é bom ou ruim? Em algumas situações pelas quais temos que passar, e que
não são poucas, o medo pode ser bom. Como é de praxe, em nossas singelas notas,
sempre procuramos apresentar o lado positivo das coisas. Por positivo,
entendemos tudo aquilo que possa contribuir para o nosso crescimento e para o
nosso progresso; algo que nos faça melhores; que nos faça mais éticos; que nos
faça mais sábios e que nos conduza para mais perto de nossos objetivos mais
imediatos e do nosso propósito enquanto espíritos encarnados em evolução.
Em
nossa sociedade, até há algum tempo atrás não era de bom alvitre,
principalmente para os que estão encarnados em corpos do gênero masculino,
assumir publicamente que sentiam medo. Logo essa declaração era associada a
ideia de covardia. Acreditamos que isso acontecia, principalmente pela cultura e
pelas tradições que nos foram passadas pelas gerações precedentes que eram, em
sua maioria, compostas de guerreiros. A guerra e o desejo de combater sempre
fizeram parte da história da humanidade. Demonstrações de coragem eram meios
utilizados para a autoafirmação, mas hoje não precisamos mais fingir que somos
super-homens. Não precisamos esconder nossos medos atrás de máscaras. Já
sabemos que o medo é uma perturbação angustiosa inerente ao ser humano, que tem
por finalidade alertar-nos para a necessidade de preservação de nossa
integridade física, sensação esta que, com nossa evolução também evoluiu.
Desenvolvemos também o medo de coisas invisíveis, como por exemplo, o medo do
que outras pessoas pensam sobre nós, o medo do fracasso, etc. Sabemos que não é
sinal de coragem, e sim de desequilíbrio, enfrentar perigos que estão acima de
nossas forças. Até os animais mais fortes, quando estão ameaçados, sentem medo
e fogem para preservar sua integridade. Alguns desses animais se preservam
porque, instintivamente sabem que têm filhotes para criar e precisam estar em boas
condições físicas para cumprir sua tarefa.
Que
fiquem sossegados aqueles que se acham covardes por sentir medo quando sua integridade,
seja física ou psíquica estão sendo ameaçadas. Isso é algo que herdamos de
nossos antepassados, e que nos acompanha desde os mais remotos tempos; desde
que éramos seres unicelulares. Foi graças a esse aviso de necessidade de
preservação que chegamos até aqui. Só precisamos perceber quando esse medo
ultrapassa o limite do razoável. Quando isso acontece, certamente estamos
sofrendo de alguma patologia. O medo é normal, mas algumas coisas devem ser
enfrentadas, porque isso nos fortalece e nos torna cada vez mais aptos para a
vida no planeta.
O
medo que sentimos e que nos auxilia em nossa preservação é o medo saudável. E
quando é que o medo deixa de ser esse dispositivo orientador é se torna um
problema? Bem, comecemos por explicar que, embora o medo vise prioritariamente a
preservação do corpo físico, ele não é físico; ele é psicológico. O medo é
sentido pelo nosso corpo astral, que também é conhecido como o corpo das
emoções. Funciona como um alerta para que redobremos nossa atenção em relação à
nossa segurança quando sua contraparte física é ameaçada. Precisamos estar
atentos para perceber quando esta reação se torna exagerada, fora de medida.
Quando por exemplo, observamos pessoas que tem medo de coisas inofensivas, tais
com pequenas alturas, lugares apertados, pequenos insetos e outros, já podemos
considerar isso como sintoma de um medo patológico, que pode ter
várias causas. Pode ser um problema adquirido nesta encarnação ou numa
encarnação passada e que está sendo reavivado por ressonância vibratória. É mais
ou menos como uma lembrança longínqua que vem à tona, mas que nós não
conseguimos identificar a fonte de onde procede, isso porque ela se manifesta
no nível inconsciente. Sentimos medo, mas não sabemos o que causa esta sensação
desagradável. Existem casos muito graves, nos quais as pessoas chegam ao cúmulo
de não saírem mais à rua por um medo irracional de que alguma ruim possa lhes
acontecer. Sabem que é algo ruim, mas não sabem de onde vem e nem o que é.
Outra
causa importante dos medos inexplicáveis são as obsessões. Em linhas gerais a
obsessão se caracteriza pela influência negativa de espíritos desencarnados
sobre os encarnados. O contrário também pode acontecer, isto é, a influência de
encarnados sobre desencarnados, embora sejam casos menos frequentes. Essa
influência se dá através do pensamento e da afinidade vibratória. Quando nos
descuidamos de nós mesmos, deixando de manter nosso pensamento elevado,
baixamos nosso padrão vibratório e abrimos a porta para espíritos que desejam
nos prejudicar; que querem o nosso atraso. Este assédio pode acontecer por
razões momentâneas ou por razões que se encontram enraizadas em passado
distante que pode remontar à várias encarnações anteriores. Incutir medo na
mente dos encarnados é uma das formas preferidas dos obsessores para perturbar
suas vítimas. Quando sentimos medo, não conseguimos raciocinar direito e assim
ficamos mais acessíveis à influência desses espíritos. O tema da obsessão é
vasto, já estudado e explicado em farta literatura, por isso não vamos nos
aprofundar. Mas que fique bem claro: quando sentirmos medo sem causa aparente,
essas duas possibilidades devem ser consideradas: ressonância vibratória de
traumas passados que se manifestam em nível inconsciente e a influência de
espíritos desencarnados sobre nós. São causas, cuja sutileza disfarçam a sua
gravidade. O medo patológico, se não tratado em tempo, pode nos levar a quadros
de verdadeiro desespero, nos jogando no mais completo desequilíbrio emocional.
Mas,
e o lado positivo do medo, onde se encontra, se até agora só apontamos o medo
como um problema que pode nos levar ao desiquilíbrio emocional e até mesmo à
loucura? O medo, como aquele alerta que nos impele para a autopreservação é
saudável e necessário. O que precisamos é ter sensibilidade para perceber
quando ele passa do limite e se torna torturante. Neste caso, devemos considerá-lo
como um sinal de que alguma coisa anda errado. É o sinal de que precisamos nos
avaliar, e se o resultado dessa avaliação for negativo, que devemos procurar
ajuda. Viver com medo não é viver plenamente. Precisamos estar sempre conscientes
de nosso viver e aptos para tomarmos as decisões que nos farão evoluir. Quando
se está sob o julgo do medo, perdemos nossa capacidade de raciocínio e deixamos
que ele conduza nossas vidas.
Nos
dias atuais, estamos expostos a perigos de toda ordem. Somos ameaçados
fisicamente pela violência da sociedade, cuja origem está em grande parte na
desigualdade social. Somos ameaçados psicologicamente pelas pressões sociais,
como por exemplo a competitividade na luta pela sobrevivência. A simples
convivência com outros seres humanos já é suficiente para fazer com que nos
sintamos ameaçados. A impressão que temos é que estamos vivemos numa verdadeira
selva, onde animais famintos estão sempre à espreita para nos devorar. Tudo
isso faz com que nos sintamos ameaçados o tempo todo. Como enfrentar tudo isso
sentindo medo, o que é natural, mas sem deixar que esse medo se torne
patológico e nos jogue no fundo de um manicômio? Nos mantendo em alerta, para perceber quando
o medo extrapola o limite do normal e tendo sempre em mente a transitoriedade
de nossas vidas como encarnados. Quando temos em mente que nossa encarnação é
passageira e que podemos deixar de estar aqui de um momento para o outro, nos
tornamos mais tranquilos e menos preocupados com os males que podem nos
afligir. Muitas pessoas têm verdadeiro pavor da pobreza, não é verdade?
Conscientes de que a vida na matéria é passageira, estas pessoas não terão a
preocupação de acumular bens e muito menos o medo perder estes bens, pois sabem
que eles não duram mesmo para sempre.
Outra
coisa que pode ajudar bastante é saber que estamos aqui para evoluir através do
acúmulo de valores que poderemos levar conosco para as próximas encarnações, e
isso não inclui bens materiais. Desligando-nos do desejo exagerado pelos bens
terrenos e nos dedicando aos valores que importam ao espírito imortal, valores
estes que podem ser resumidos na frase do Cristo: “ama ao próximo com a ti
mesmo” ou numa linguagem mais atual – faça aos outros aquilo que gostaria que
fizessem para você, nos tornaremos praticamente imunes a doença do medo.
Primeiro, porque não entraremos na loucura da sociedade e não seremos
perseguidores e nem perseguidos, deixando, deste modo, de fazer parte da
selvageria moderna. Em segundo lugar, porque quando estamos sintonizados com
esses princípios universais trazidos pelo Cristo, nos tornamos imunes às
obsessões. Quando equilibrados, deixaremos de ser vítimas dos obsessores e nos
tornaremos fonte de luz e conhecimento para eles, porque da mesma foram que
podem nos influenciar negativamente, nós podemos, mesmo sem perceber
influenciá-los positivamente, conduzindo-os à reabilitação e ao progresso.
A
vida na Terra não é fácil, concordamos, mas ela não precisa ser um martírio. Se
ela se apresenta assim é porque ainda estamos imersos na ignorância e não
estamos sabendo como aproveitar melhor a oportunidade que nos foi dada. Uma
coisa é certa, o medo exagerado é um fator que contribui para que nossa
encarnação seja mais penosa, portanto, vamos estar atentos para quando o nosso
medo começar a atrapalhar nossa evolução. Um pouco de medo é positivo e
necessário. Não devemos ter vergonha de sentir medo de vez em quando, só não
devemos deixar de enfrentar os desafios que nos farão crescer. Só pode ser
chamado de corajoso aquele que sente e enfrenta seus medos, porque é assim que
ele melhora. E quando, o medo nos impedir de viver plenamente, saibamos que é
hora de procurar ajuda.
Victor
Mensagem psicografada em 11/06/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário