Falar
de separação é sempre complicado, uma vez que a própria palavra nos remete à
ideia de desagregação e se opõe frontalmente à palavra união, que por sua vez
nos conduz à ideia de crescimento e progresso. Costumamos ter uma visão
negativa das separações. Porém, as separações, como tudo nesta vida, tem seu
aspecto positivo e é sobre este prisma que pretendemos discorrer sobre o
assunto. Realmente não é uma coisa que possamos chamar de boa quando, por
exemplo, amigos se separam por razões egoístas ou por desavenças; nem é algo
bom quando pessoas que tinham um objetivo comum de progresso resolvem ir cada
uma para seu lado, abandonado o interesse maior que as mantinha unidas. Não é
desse tipo de separação que vamos falar. Vamos nos ater a separação como uma forma
de melhorar as coisas. Mas é possível, separar para melhorar? Acreditamos que
sim e vamos tentar demonstrar isso. Nosso objetivo, como sempre, não é
confrontar ninguém e muito menos nos colocar como donos da verdade, porque,
como já repetimos em textos anteriores, acreditamos que esta, só o Criador a
tem.
Quando
temos muitos problemas para resolver e quando esses problemas estão nos
deixando atordoados, de modo que não conseguimos equacioná-los e dar a cada um
a devida solução, surge uma boa oportunidade de usarmos positivamente a
separação. Existem casos, por exemplo, em que estamos querendo ajudar alguém,
mas por estarmos envolvidos emocionalmente com esta pessoa, não conseguimos lhe
apontar o melhor caminho. Isso acontece porque nós também nos deixamos afetar
pela mesma pressão a que está sujeita a pessoa que queremos ajudar. Existem
também aqueles casos em que os problemas são tantos, e tão variados, que se
torna praticamente impossível resolvê-los, pois quando resolvemos um o outro se
agrava e acaba se tornando maior que os dois juntos. Nesses casos ficamos
perdidos, tal como um barco à deriva num mar tempestuoso. Estas são situações
em que podemos usar a separação de um jeito muito produtivo. Devemos
simplesmente separar os problemas, classificá-los por ordem de prioridade ou de
urgência, ou mesmo de dificuldade. Quando temos muitos problemas a resolver,
precisamos decidir qual deles deve ser resolvido primeiro, pois alguns
problemas estão relacionados a outros e sua solução contribuirá para a solução
desses outros. Parece que estamos chovendo no molhado, não é verdade? Parece
que estamos falando o óbvio, mas por incrível que pareça, a maioria de nós não
tem tirocínio para proceder desta maneira. Irritamo-nos ou nos apavoramos com o
volume dos problemas e só conseguimos solucioná-los com muita dificuldade e
depois de muito penar. Queremos resolver tudo de vez, o que é impraticável.
A
solução que apresentamos parece simples, mas separar problemas para poder
resolvê-los não é tão fácil assim. Isso porque, nós seres humanos, enquanto
espíritos encarnados temos, além da capacidade de raciocinar, a emotividade.
Quando estamos envolvidos emocionalmente num problema isso afeta nosso
raciocínio e faz com que nós deixemos de raciocinar plenamente, assim perdemos
momentaneamente a habilidade de equacionar as questões com as quais temos que
lidar. Esse talvez seja o elemento que mais nos atrapalha na hora de fazer a
separação que estamos propondo. Precisamos aprender a nos afastar dos
problemas. Ainda que, por um breve momento, precisamos enxergar esses problemas
como se não fossem nossos, eliminando o componente emocional, assim ficará mais
fácil estabelecer a ordem de importância ou de gravidade de cada problema.
Fazendo isso vamos ter de volta nossa capacidade de raciocínio e conseguiremos
colocar cada problema em sua devida ordem de importância.
Separados
e classificados os problemas, nos surpreenderemos com o fato de que, alguns
deles são de solução muito fácil, e veremos claramente que outros simplesmente não
tem solução, e como diz o ditado popular, “o que não tem remédio, remediado
está”. Somente com este exercício de afastamento é que conseguiremos ter essa
visão amplificada, imparcial e racional sobre aquilo que está acontecendo à
nossa volta. Sabemos que não é tarefa das mais fáceis nos desligarmos
emocionalmente de determinados problemas. Existem situações que são
extremamente aflitivas, das quais é quase impossível este desligamento, mas
isso é necessário e precisa ser feito. O que podemos fazer para facilitar esse
desligamento? Como espiritualistas, recomendamos em primeiro lugar que tenhamos
sempre em mente a transitoriedade da vida material. Ela não dura para sempre.
Qualquer problema que tenhamos na vida de encarnado, por pior que possa
parecer, um dia terminará. Podemos entender a vida na matéria como uma grande
ilusão; como um sonho cuja particularidade é que demora um pouco mais do os
outros. Não é animador saber que os problemas não duram para sempre? Outra
informação que deve acompanhar todo espiritualista é o fato de sabermos que
nada fica sem solução. Mesmo que não consigamos resolver algum problema nesta
encarnação, teremos outras oportunidades para fazê-lo. Devemos levar nossas
vidas conscientes de que todo dia é um dia novo. Todo dia um sol novinho nasce,
e nos dá a chance de resolver aquilo que não resolvemos no dia anterior.
Novamente parecerá que estamos repetindo o óbvio, mas não temos como falar isso
de outro modo. A vida é assim mesmo: simples. Nós é que temos a mania de
complicá-la. Será que já não passou da hora de mudarmos esse nosso jeito de
lidar com a vida? Será que já não está na hora de entender que o peso do fardo
da vida somos nós mesmos que estabelecemos?
Mesmo
para aqueles que não compartilham das crenças espiritualistas, (que para nós é
a mais pura e simples realidade) compreender a ideia de separação do modo como
a estamos apresentando pode ser útil. Portanto, acreditamos que nosso conselho,
se assim podemos, temerariamente, chamá-lo, pode ajudar, tanto espiritualistas
quanto materialistas ou pessoas que pensam diferente dessas duas correntes.
Aprender a separar os problemas é algo bom para todos.
É
sempre interessante dar exemplos. Imaginemos uma pessoa que trabalha numa
determinada empresa e que tem planos de progredir, pois almeja para si um
futuro melhor. Essa pessoa se encanta por um (a) colega de trabalho, mas este
outro (a) não corresponde a sua expectativa. O que costuma acontecer é que essa
pessoa, por se sentir rejeitada por não ter seu sentimento correspondido, acaba
misturando o profissional com o pessoal e deixando que o emocional prejudique
seu desempenho na empresa, tornando-se um funcionário (a) ineficiente. Esse é o
exemplo típico da pessoa que não sabe e que precisa aprender a separar as
coisas. Se ela entender que são questões que devem ser tratados separadamente,
terá melhores condições de resolvê-las ou pelo menos não deixar que uma coisa
atrapalhe a outra. Se essa pessoa conseguir fazer o exercício de afastamento e
tentar ver tudo de longe como se fosse um expectador e não alguém envolvido,
terá condições de dar uma melhor solução para esse problema. Separação é a
palavra chave para casos como esse, que são tão comuns. A mistura do emocional
com problemas que exigem raciocínio lógico é algo extremamente comum.
Separar
os problemas não é somente um modo de viver com mais tranquilidade. Saber
separar as coisas é condição essencial para a solução de qualquer situação ou
problema complexo. Quando estudamos um assunto muito difícil de entendermos o
que fazemos? Separamos, dividimo-lo em partes menores para melhor o
compreendermos, não é verdade? Depois de compreendermos uma parte passamos para
outra e por fim conseguimos compreender a totalidade do tema. A vida pode ser
bem menos problemática se adotarmos uma postura de humildade intelectual. Isso
nos permitirá perceber que as coisas costumam se repetir e que as soluções que
aplicamos a determinadas coisas podem ser aplicadas à outras, levando em
consideração as peculiaridades de cada caso, naturalmente. Todas as grandes
estruturas que funcionam bem e que trazem resultados positivos, são organizadas
e separadas em partes menores e cada parte funciona de modo que a outra possa
funcionar beneficiando o todo. Assim é que deve ser.
Para
levarmos nossa vida de um modo mais sereno e mais produtivo, devemos aprender
essa lição básica. Devemos aprender a separar os problemas que se nos
apresentam e resolvê-los um de cada vez, no seu devido tempo. Se quisermos,
como costumamos fazer, resolver tudo de uma vez, estaremos fadados ao fracasso.
É como diziam os antigos: “não podemos assoviar e chupar cana ao mesmo tempo”.
Separar e resolver as coisas com calma não quer dizer, abandonar ou desistir de
nossos projetos. Quer dizer que estamos usando nossa inteligência e sendo estratégicos,
porque não se pode construir nada grande sem que tenhamos uma base segura e bem
estruturada. Lembremos que quanto maior o edifício mais firme deve ser a base
que o sustentará, e mesmo esta, deve ser construída por partes e sem pressa
para que possa suportar o
que virá depois.
É na simplicidade que a sabedoria
se revela.
Muita paz e muita luz!
Victor
Mensagem psicografada em 25/05/2018
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