‘‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”
Matheus 11:15
Por
mais que o barulho exterior seja forte, nós precisamos ouvir nossa voz interior
- a voz da consciência. Aquela vozinha que por vezes nos incomoda com sua
insistência. Normalmente ela não nos fala de coisas que nos parecem agradáveis,
mas é exatamente essa a sua função, isto é, nos chamar a atenção para as coisas
que não nos ajudam a progredir; que não nos ajudam a evoluir. Sua função é
mostrar quando estamos tomando o caminho errado, para que possamos corrigir
nossa direção. Ouvir a voz da consciência é um meio sempre seguro para não nos
desviarmos das metas que traçamos para a nossa encarnação. Digamos que ela é o
sinal vermelho que devemos obedecer para não causarmos acidentes de percurso.
Nem
sempre a voz da consciência se manifesta em forma de palavras que nós dizemos
para nós mesmos. Algumas vezes ela se apresenta como uma sensação incômoda,
como uma pequena opressão no peito, uma sensação de que deixamos de fazer
alguma coisa. Outras vezes como uma sensação de vazio, ou mesmo uma sensação de
que estamos carregando peso demais. Pode ser também que a voz da consciência se
apresente como culpa, embora nem toda culpa que sentimos está relacionada com a
consciência, porque existe aquela culpa patológica, que nos joga numa
impotência persistente, quando na verdade deveríamos estar reparando as falhas
que acreditamos ter cometido.
Não
é errado dizer que a voz da consciência é divina. Ela provém daquilo que
chamamos de centelha divina que é a porção de Deus em nós. Ela funciona como um
dispositivo orientador, para que nos mantenhamos na programação que nos foi
estabelecida. A vida do ser encarnado é cheia de experiências que foram
pensadas para que aproveitássemos a passagem pela carne da forma mais produtiva
possível. É natural que, em uma ou outra dessas experiências, nós falhemos.
Isso faz parte do aprendizado, faz pare do crescimento espiritual que é o nosso
objetivo maior. Dentro desse contexto devemos entender a voz da consciência
como um instrumento a mais para nos auxiliar no cumprimento das nossas metas
como encarnados.
É
muito reconfortante saber que podemos contar com essa ferramenta, que é uma
prova da bondade divina para conosco, porém, não podemos esquecer-nos de
usá-la. Ela está a nossa disposição, basta querermos, porém, antes de qualquer
coisa, precisamos reconhecê-la em nós. Vivemos num mundo barulhento, tanto
externamente quando internamente. Quando não estamos envolvidos com a bagunça
de fora, estamos atrapalhados com a bagunça interior, e isso não nos permite
ouvir nossa consciência. Precisamos arranjar tempo, ainda que sejam poucos
minutos por dia, para nos dedicarmos a essa parte essencial de nosso eu.
Precisamos ouvir a nós mesmos! Ouvir a voz de nosso eu superior que anseia por
nos conduzir ao melhor caminho. Nesses poucos minutos, procuremos estar num
ambiente de silêncio e de tranqüilidade, para podermos estar conosco mesmo - eu
mais eu comigo. No silêncio, vamos nos perguntar se o que estamos fazendo nesse
dia são as coisas certas a se fazer. Vamos refletir sobre nosso relacionamento
com as outras pessoas, sejam companheiros de trabalho, amigos, parentes ou
esposo (a), etc. Vamos analisar as palavras que dirigimos a essas pessoas.
Vamos observar se fomos dóceis ou se fomos ríspidos; se fomos justos ou
injustos; se fizemos por eles tudo que poderíamos fazer; se fomos receptivos ou
se os repelimos. A resposta virá com toda certeza, e baseados nessa resposta,
tiremos nossas conclusões para ver se precisamos mudar alguma coisa. Em caso
positivo, não deixemos para depois, vamos resolver os possíveis problemas logo
no começo, para que eles não tomem proporções exageradas, de modo que não
possam mais ser resolvidos.
Nesse
mundo barulhento, onde não conseguimos nos ouvir, podemos destacar uma
consequência dessa surdez voluntária: estamos nos afastando uns dos outros;
estamos deixando de nos relacionar e amar as pessoas ao nosso redor. Por não
ouvir nossa consciência estamos nos tornando avessos ao amor. Passamos a
acreditar que o amor nos enfraquece e nos torna vulneráveis. Passamos a
acreditar que não devemos nos envolver nos problemas alheios, mesmo que a nossa
consciência esteja nos cobrando uma posição. Essa aversão aos problemas alheios
faz com que nos afastemos das pessoas, porque todos têm problemas que precisam
ser divididos, inclusive nós mesmos. Imaginem se todos pensarem desse modo
egoísta. Cada pessoa vai se transformar numa ilha de solidão. Quando nossa
consciência nos diz para ajudar alguém, o que ela está dizendo é: se envolva
sem medo de amar, porque ela sabe que o amor não prende nem nos enfraquece.
Nossa consciência, que é a representação do amor do Criador em nós, sabe que o
amor fortalece e liberta. O amor nos transforma em verdadeiros super-homens e
nos dá condições para superarmos todos os obstáculos que surgirem em nossas
vidas.
Hoje
em dia não é difícil encontrar homens-ilhas. O que eles não percebem é que não
estão ouvindo a si mesmos. Não se dão conta de que, o afastamento dos problemas
alheios, apesar da cobrança interior, não lhes faz mais felizes, pelo
contrário, transforma a todos em surdos voluntários para quem a consciência, a
voz do divino em nós, não significa mais nada. Aquele que deixa de ouvir a voz
da consciência pode ser considerado um ser sem rumo, para quem a vida perdeu
todo o sentido. Junto com a surdez voluntária vem uma série de patologias que
pegam carona neste caminhão de egoísmo. Eles não entendem que agindo assim
estão se afastando do propósito de suas existências e não percebem que suas
vidas vão ficando tristes e vazias de significado. Vivem para gastar o tempo dado
e não para aproveitá-lo.
A
justiça divina é perfeita. Mesmo a pessoa considerada a mais ignorante entre
nós, tem dentro de si a voz da consciência para lhe guiar. Pode até mesmo
acontecer que uma pessoa muito “inteligente” tenha menos consciência do que
alguém menos inteligente. A lógica divina que governa as consciências é
diametralmente oposta a que governa as relações humanas. A aparência externa ou
aquilo que queremos parecer não tem valor algum no mundo consciencial. Nesse
mundo, cada homem é sua própria medida, porque ele tem dentro de si o saber
inato da consciência. Mesmo que nunca tenha frequentado um banco escolar, no fundo, todo homem sabe se está agindo certo
ou não, respeitando naturalmente as diferenças culturais das sociedades.
Precisamos
promover reencontros com os outros e conosco mesmo, para retornarmos aos nossos
verdadeiros objetivos. Estamos entrando numa fase da humanidade em que os
valores do espírito, os valores da consciência precisam aflorar; precisam ser
cultivados para que o mundo saia desse estado de indiferença e se torne um
mundo onde as pessoas sejam mais solidárias, decentes e honestas, atraindo para
si o progresso, tanto material quanto espiritual. Nessa nova fase em que a humanidade
está entrando, não haverá espaço para os surdos voluntários. Com o
desenvolvimento espiritual do homem não fará mais sentido o isolamento a que
muitas pessoas se submetem.
Parece
que não, mas existe estreita ligação
entre a falta de consciência, a indiferença e a solidão. Quando ignoramos nossa
voz interior, nos tornamos indiferentes ao sofrimento alheio e isso nos conduz
diretamente para a solidão. Uma vez isolados, por nossa própria escolha, vamos nos
afastando de nossa essência, de nosso propósito de vida e do amor tão
recomendado por todos os mestres ao longo da história. As experiências pelas
quais temos que passar envolvem, necessariamente, o relacionamento com outras
pessoas. Ninguém conseguirá evoluir sozinho! Precisamos trocar sentimentos e
emoções com nosso próximo. Só assim é possível evoluir. Podemos até construir
uma cidade inteira, mas se não amarmos as pessoas, é como se não tivéssemos vivido
e nem construído nada.
O
amor é a razão de nosso viver. Estamos aqui para amar e sermos amados, e
enquanto não desenvolvermos esse potencial, teremos que reencarnar muitas vezes,
até que isso aconteça. Temos um guia infalível – nossa voz interior, que
conhece o caminho do progresso. Só o que temos a fazer é um pouco de silêncio,
para poder ouvir suas instruções. Vamos caminhar lado a lado com nossos irmãos
de jornada, sabendo que eles são a ponte que nos levará para mundos melhores,
onde o amor não é mais um objetivo a ser alcançado e sim uma energia pulsante
que a tudo tonifica.
Vamos
aprender a meditar e, no silêncio, vamos ouvir a voz da divindade em nós. Muitos se
surpreenderão com aquilo que aprenderão consigo mesmo. Verão que já tinham a
resposta para todos os problemas, e que a vida pode ser bem melhor do que isso
em que a transformamos.
Victor
Mensagem psicografada em 14/05/2018
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